sexta-feira, 16 de novembro de 2012

#9: No pasa nada

O sentimento ainda era pequeno quando a Consuelo foi morar para tua casa.
Lembro-me de inicio odiares a espanhola porque alterou a disposição da sala lá de casa sem pedir permissão a quem já lá morava há mais tempo. E lembro-me de depois um dia dizeres: "Adoro esta gaja."
A Consuelo. Um espanhola caga tacos, cheia de tiques nos olhos e com um arzinho que sempre me tirou do sério. Um ar vulgar e reles de gaja que só ela. Mas tu adoravas a gaja. E eu já sabia de inicio que não ia morrer de amores por ela e raramente me engano com as primeiras impressões que tenho das pessoas.

A primeira vez que saímos em bando, isto é, o povo todo lá de tua casa, não foi fácil. Tiveste umas poucas de saídas menos próprias para comigo e nem sei porque me permiti a aceitá-las e a metê-las para trás das costas. Sejá nessa altura não gostasse de ti, tinha sido nessa noite que te teria despachado. Coisa que me passou diversas vezes pela cabeça ao longo da noite mas que guardei só para mim. E houve momentos em que a tua atenção era para ela.

Tempos depois numa das muitas "festas" que tinham lugar em tua casa, o raio da espanhola fez questão de passar a noite toda ao pé de ti. Sei lá eu o que tanto ela tinha para te dizer. Não o soube na altura e nem o sei hoje. Sei que me enfiei no teu quarto, porque era lá que estava bem: longe de um monte de povo com o qual não conseguia comunicar e longe de algo a que preferia não assistir.

Mas não se passava nada. Foi o que me disseste quando te mandei um: " Ahh tu e a espanhola...."
" Não se passa nada."


E a vida continuou.



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