sábado, 2 de fevereiro de 2013

Como as novas tecnologias mudam a vida de uma octogenária


A minha avó, com 80 e poucos anos, e uma vida inteira a pedir ao vizinho do lado que lhe marcasse os números no telefone quando queria falar com alguém, viu-se com um destes novos telefones portáteis lá em casa e aprendeu tão bem a matéria de como fazer a marcação rápida, que me telefonava uma a duas vezes por semana, sem ajudas.

No último dia do ano, enquanto me arranjava para sair e tentava não me esquecer que precisava de lhe telefonar antes de sair de casa para lhe desejar um bom ano, surpreendo-me quando atendo o telefone que tocava e ouço a voz dela do outro lado. 

Um telefone portátil mudou a vida da minha avó, que já telefonava aos netos e aos filhos, sem ter de pedir a alguém para o fazer e sem ter de sair da cama e apanhar frio.

Há 15 dias, a trovoada trocou-lhe as voltas. O telefone queimou. 
Quando lhe telefonei a última vez disse-me: " Sabes, já estava habituada a telefonar a toda a gente e agora vejo-me sem o telefone, parece que estou estranha."

Estar em contacto com os outros é algo que nos faz falta. Falarmos com quem queremos na altura em que queremos, é bom. 
A resposta para a solidão às vezes está à distância de um clic, e quando se tem 80 e poucos, se está sozinho, poder cliclar num botão e ouvir uma voz do outro lado deve ser bom. 
Andamos a tratar de lhe arranjar um novo telefone. 

Mas enquanto isso não acontece...hoje é dia de lhe telefonar. 

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